Como aprender a teoria?

Como você deve imaginar, em Língua Portuguesa, há muita teoria! Sim, há muita teoria mesmo! Eu tenho aproximadamente 30 livros dedicados apenas à gramática na minha biblioteca, e ainda acho pouco! Evidentemente você não irá precisar de tudo isso para gabaritar uma prova. Precisará do conhecimento relativo aos fundamentos gramaticais que podem ser cobrados em uma questão de concurso.

Isso nos leva a crer que haja uma quantidade limitada de elementos que o indivíduo deva saber para poder ter um bom desempenho nas provas. De fato, isso é verdade. O maior problema é como aprender essa teoria, que parece ser o capeta em forma de conteúdo.


Memorizar para facilitar

Sem rodeios, vamos direto ao assunto. O primeiro passo rumo à compreensão da teoria relativa ao nosso idioma é buscar conceitos-chave precisos, que possam fazer a diferença na hora de realizar uma análise sintática ou mesmo uma classificação de vocábulo.

A minha sugestão é a seguinte: use dois cadernos. Um para anotar as dicas e o conteúdo comum que o professor passa em aula (se você estiver em um curso preparatório), outro para fazer o resumo do conteúdo. Desse modo, você vai seguir uma lógica simples, que consiste em revisar os resumos que você fez a cada quinze dias – numa espécie de ciclo de conteúdos. Faça isso até começar a memorizar os conceitos.

Pode parecer estranho falar em memorização, mas não é tanto assim. Na verdade, só começamos a entender o conteúdo ao passo que vamos memorizando alguns conceitos que são fundamentais para o estudo. De nada adianta eu explicar o que é uma preposição se você não vir a lista das preposições essenciais e memorizar algumas delas. Feliz ou infelizmente, na vida alguma coisas são assim: você precisa criar coragem e encarar o fato de que memorizar é preciso. Muita gente me critica quando digo que o aluno precisa decorar algumas coisas. Falam pelos cotovelos, citam diversos autores para justificar que não é pode decorar, que é necessário entender. Basta apenas um pouco de honestidade intelectual para afirmar que – o primeiro passo para entender uma abstração teórica é memorizar seus conceitos fundantes.

Outra sugestão para você se forçar a aprender a teoria é criar alguns cartazes com os assuntos mais difíceis de memorizar e espalhar por onde você mora, por onde você trabalha, enfim por todos os lugares, a fim de que você fique sempre em contato com esses assuntos. Tudo há de se tornar familiar com o tempo. Muita gente lida bem com fichas de conteúdo (pequenas folhas em que você anota os conceitos que julga mais importantes); caso seja o seu caso, invista nisso!


Torne o conteúdo relevante

Não adianta se matar de estudar no cursinho e gastar a vista nas apostilas se, quando você sair da sala ou fechar o material, o assunto ficar preso lá. É incrível como as pessoas se comunicam em Língua Portuguesa e parece que não se dão conta disso. Querem buscar mil exercícios distintos para entender o idioma, mas não se atentam para o fato de que o exercício está na própria fala e na própria escrita do cotidiano.

As regras que você estuda devem sair do papel e caminhar para a sua fala, para a sua escrita, para a sua vida. Comece a pontuar o que você escreve no aplicativo de texto, ou mesmo nos e-mails mais informais que redige. Por que não observar o que está escrevendo nas redes sociais? Por que não pensar sobre aquela frase que o amigo falou e que soou meio estranha? Por que não pensar a respeito de como estão escritos os nomes das comidas no cardápio? Tudo isso é fonte inestimável para você poder praticar as regras da Língua Portuguesa diariamente.

Quer dizer que eu vou ter que sair corrigindo todo mundo? Não. Ao menos, não em voz alta. Pode fazer isso mentalmente, que ninguém vai ligar e que você não vai perder amigos. Busque identificar os erros mais comuns e fique ligado para um fundamento bastante importante: quando você tem dúvidas sobre um assunto, é sinal de que está pensando sobre ele. Isso faz sua capacidade de aprendizado acelerar muito.


Tenha curiosidade

Jamais passe direto por uma palavra cujo significado você desconheça. Jamais deixe para amanhã a regra que você pode conhecer hoje. Seja um eterno curioso a respeito de como é a grafia correta daquela palavra exótica que você ouviu ou lembra de ter visto em algum lugar.

Faça a experiência de conjugar um verbo por dia durante uns 15 ou 20 dias. Tente fazer uma análise sintática por dia (pode ser daquilo que você fala mesmo). Tenha a mente aberta e saiba que a língua é um fenômeno vivo e em mutação: novos sentidos podem surgir, novas relações. Não ache que tudo está confinando em apenas um bloco de papel.

Descubra novas bancas examinadoras, novas formas de questionar, vários autores e professores diferentes. Certamente um deles ajudará você a entender de forma mais própria a matéria. Eu costumo dizer que o melhor professor é aquele que consegue fazer você gostar da matéria. Dali para frente, o próprio aluno se encarrega.


Facilite a linguagem

Eu costumo iniciar minhas aulas com uma linguagem bem simples e bem acessível. Acho até que alguns exemplos são meio bobos. Apesar disso, essa é a melhor estratégia para você começar a entender como a Língua Portuguesa se estrutura. Há uma máxima importante na língua: mudam as palavras, não mudam as estruturas. Veja um exemplo do que eu estou falando:

  • João é um bosta.
  • A intersubjetividade é uma característica humana.

Qual das duas frases parece mais difícil de analisar? A menos que você queira dar uma de bonzão, deve ter dito que a segunda possui análise mais difícil. E se eu disser que as duas orações possuem os mesmos elementos sintáticos, e que – na realidade – a primeira possui um procedimento ainda mais complexo do que a segunda? Pois é, vamos aos fatos:

  • A primeira sentença: João é um bosta – possui um sujeito (João), um verbo relacional / de ligação (é), e um predicativo do sujeito (um bosta).
  • A segunda sentença: A intersubjetividade é uma característica humana – possui um sujeito (A intersubjetividade), um verbo relacional / de ligação (é), e um predicativo do sujeito (uma característica humana).

Como a segunda sentença possui umas palavras mais cheias de letras, parece que é mais difícil analisar. Agora, note que o relacionamento entre todos os elementos da segunda sentença é bastante simples: um artigo, um substantivo, um verbo, outro artigo, outro substantivo e um adjetivo. Morfologicamente bem mais fácil de perceber suas classificações, quando comparada com a primeira sentença. Veja só: a primeira sentença apresenta uma expressão coloquial (um bosta), formada por um tipo peculiar de variação vocabular – a modificação do gênero do artigo para criar um sentido novo em um vocábulo. Essa transformação exige muito do analista, em termos de teoria. Acontece que algumas pessoas têm a mania de achar que não há palavrões em nosso idioma, daí esse tipo de sentença passa veladamente, ou seja, a Língua Portuguesa continua a representar algo que não é falado pelo indivíduo, e acaba resultando em perda de interesse. Nos exemplos anteriores, eu apenas mudei as palavras, mas as estruturas sintáticas permaneceram as mesmas.

Se você tiver uma barreira com relação ao vocabulário, busque um material adequado à sua realidade (leia os exemplos que o autor / professor utiliza). Certamente isso irá mostrar um caminho pelo qual seguir.

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